quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Novo urbanismo e o futuro investidor sustentável

Sustentabilidade assunto já tão esgotado, tratado como normalidade por empresas e governos, fugindo do significado extenso que a palavra tem para todo o planeta, acham maneiras ridículas de ter popularidade com o tema.

O conceito de sustentabilidade é assunto que será tratado com cada vez mais valorização e naturalidade pela sociedade. Modelo para empresas e governos agregarem mais valor aos seus investimentos e concorrência.

Esses Investidores sustentáveis, os que são “de verdade”, geram lucros e ao mesmo tempo melhoram a qualidade “Da Vida”.
Empresas e governos tentam, uma ou outra se queima, outrora tem maiores chances de rendimento, preferência de consumidores, boa reputação, controlarem riscos, menos problemas com a justiça e órgãos de fiscalização, uma vez que prezam bons relacionamentos. E de fato, valorizar empresas sustentáveis pelo simples fato de não serem uma ameaça à nossa sobrevivência é obrigação de cada um de nós como consumidores, trabalhadores, cidadãos e acionistas/investidores.
As pessoas estão atentas no presente,

e no futuro ficarão cada vez mais interessadas na melhor qualidade de vida e ao bem comum do planeta e as empresas cada vez interessadas no aumento de seu capital.

Todos temem com as ameaças que plantamos, com as agressões que fizemos e a preocupação é visível em todos, e um planeta pelo menos de forma habitável no futuro é o que queremos, portanto teremos de mudar nossa visão de mundo e práticas de quotidiano, inclusive de pensar e fazer negócios.

Ousados empreendimentos, projetos e pesquisas são feitos e aderidos ao longo dos anos, por arquitetos, engenheiros, escritórios urbanísticos e paisagísticos do mundo, empresas sustentáveis, projetos radicalmente novos para os padrões da sociedade e economicamente viáveis.

Algo diferente deve-se ser criado, falando em urbanismo, como exemplo de evolução, bairros planejados. Tendo a idéia de que as casas e prédios não tenham muros nem grades e que os moradores deixem os carros na garagem em favor de caminhadas e pedaladas para deslocamentos ao trabalho, à escola ou às compras. Permitindo uma economia considerável no consumo de energia e de água. Inovador, ambicioso e ambientalmente correto.

Assim, em vez de uma cidade ser dividida em zonas diferentes para residências, escritórios, comércio e lazer, tudo deve estar integrado nos bairros, para elevar a qualidade de vida, onde você encontra tudo que é preciso para morar bem, desde farmácias a escolas. Um bairro com infra-estrutura de cidade, onde as pessoas poderão morar, trabalhar, estudar e se divertir num mesmo local.
Não só investir em projetos de edifícios sustentáveis, mas, em um bairro inteiramente sustentável, em vez de construir uma área de lazer por prédio, por exemplo, pode-se ter uma por quadra, compartilhada por alguns edifícios, então, valorizando o uso das áreas comuns, praças e as calçadas.

Com uma visão tecnológica, as edificações podem ter itens como reutilização da água da chuva, coleta de óleo de cozinha, geração de energia solar com o uso de placas fotovoltaicas, tratamento de esgoto, uso de materiais como aço reciclado e madeira certificada. A iluminação das ruas pode ser feita com luminárias de LED, (consumo de energia são 80% inferior ao de lâmpadas convencionais de sódio).
A preocupação com a relação entre o entorno e com seus problemas sociais, também deve-se ter total atenção e certa prioridade.



Um novo urbanismo, um novo desafio, que deve também ser alcançado. Não existem soluções prontas, e estão, nas mãos de arquitetos, engenheiros, ambientalistas, civis, investidores e governos, seguir este longo caminho, na criação de não só um bairro, mais de um planeta verdadeiramente sustentável.
Mas pode-se dizer que as intenções são animadoras.



Átila Souza

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dock-Dock, o carrinho elétrico Brasileiro

Que a bicicleta é um dos grandes investimentos como meio de transporte alternativo todos nós já sabemos, ela já é empregada como sistema de transporte coletivo em vários lugares como Londres, Paris, Amsterdã, Berlin e inclusive em algumas cidades no Brasil como Rio de Janeiro, Recife e até mesmo em Blumenau.
Mas, como não é de se admirar, Curitiba está um passo à frente. Em 1974, o arquiteto e urbanista, ex-governador do estado do Paraná e prefeito na época, Jaime Lerner, lançava o sistema público de ônibus coletivos que se tornou referencia mundial. Este sistema criou faixas de transito exclusivas para ônibus e pontos de embarque bastante diferenciados, o que foi copiado por 83 cidades no mundo, inclusive Criciúma.


(Foto: Ligeirinho de Curitiba)

Inspirado pelo Velib (sistema de bicicletas publicas de Paris), 35 anos depois Jaime Lerner nos apresenta sua nova aposta, que desta vez traz um princípio mais “sustentável”. Em outubro do ano passado Lerner lançou no Rio de Janeiro o protótipo do menor carro elétrico do mundo, o Dock-Dock.


(Foto: Dock-Dock de Jaime Lerner)

Como foi dito o Dock-Dock é o menor carro movido a energia elétrica do mundo, com capacidade para uma pessoa. “(...)mede 60 centímetros de largura, 1,38 metro de comprimento e 1,5 metro de altura. Atinge velocidade máxima de 20 quilômetros por hora e foi pensado para circular em faixas compartilhadas com pedestres, bicicletas e locais onde o trânsito de automóveis é restrito.” (Fonte: Revista Veja). Para ter uma ideia, as medidas de um smart ForTwo são, respectivamente, 2,70m, 1,56m e 1,54m.


(Foto: Smart ForTwo)

“O nome do carrinho, Dock Dock, vem da palavra doca, lugar onde as embarcações se abrigam para carregar e descarregar. Dessa forma, o usuário poderia pegar o minicarro elétrico em um ponto perto de uma estação de metrô e devolvê-lo em outro local, próximo à sua residência, por exemplo.” (Fonte: Site Vrum)
O plano é que o Dock-Dock funcione da mesma maneira que os sistemas de aluguel de bicicletas bastante usados em Paris e já existentes no Brasil. Existirão estações espalhadas pela cidade para que os pequenos veículos possam ser retirados ou devolvidos pelo usuário que o alugou, posicionadas em locais estratégicos de grande movimento como proximidades de terminais de ônibus ou metrôs. Este sistema de aluguéis é o que irá diferenciar o Dock-Dock dos outros mini-carros elétricos que estão sendo desenvolvidos por grandes companias como o Puma, da General Motors e da Segway, com lançamento previsto para 2012. Estes carros estão sendo desenvolvidos para que possam ser comprados e armazenados em sua garagem como qualquer automóvel normal, já a idéia de Lerner é voltada para o auxílio do transporte público. “A ideia é que os veículos funcionem como complemento do sistema de transporte coletivo, possibilitando deslocamento mais rápido do que o permitido pela caminhada e mais confortável do que sobre uma bicicleta.” (Fonte: Revista Veja)




(Fotos: Comparação de espaço Carro/Dock-Dock)

Estes veículos coletivos já vêm sendo testados em outros países com grande êxito como é o exemplo da França que, com o sucesso conseguido com o sistema de bicicletas, vem investindo no Autolib, carros coletivos com capacidade de até quatro pessoas.


(Foto: Autolib)

Já está em teste também o Personal Rapid Transit, com protótipo construído no Aeroporto Internacional de Londres. Também para quatro pessoas o carro se locomove sem motorista e sobre trilhos. O usuário só precisa apertar o botão correspondente à estação que deseja ser levado e tudo é feito automaticamente.



(Fotos: PRT - Personal Rapid Transit)

“O conceito de transporte complementar pode funcionar especialmente bem nas regiões centrais de grandes cidades que adotaram a opção de banir, ou reduzir drasticamente, a circulação de automóveis.” (Fonte: Revista Veja)
Como exemplo destas cidades podemos citar Nova Iorque, que desde maio de 2009 resolveu interditar o transito em uma parte da Broadway, destinando exclusivamente para o trafego de pedestres, a pé ou em bicicletas. Em São Paulo o processo de redução do trafego de veículos também vem sendo implantado com o uso do sistema de “rodízio”, onde restringe gradativamente o uso de veículos particulares proibindo a circulação do mesmo em um determinado dia da semana de acordo com seu emplacamento.
A ambição de Lerner vai ainda mais longe, ele deseja que sua criação possa ser um complemento do transporte coletivo em qualquer lugar da grande cidade, mesmo que para isso tenha que se construir ciclofaixas especiais para seu tráfego.


(Foto: Lerner e o Dock-Dock)

Diz Lerner: "Pode parecer complicado, mas é mais fácil do que foi construir as faixas exclusivas de ônibus".
Agora, nos resta aguardar e ver se esta nova aposta em transportes alternativos/coletivos vai realmente ser posto em prática e, quem sabe futuramente, servir de inspiração para o desenvolvimento de novos meios de transporte que não traga agressão ao meio ambiente, usando energias limpas como forma de combustível.

Murilo Préve (Arquitetura e Urbanismo UNISUL)